2015 – ATUAL
O conhecimento produzido pelas pesquisas acadêmicas e sua aplicação nos projetos educacionais no primeiro ciclo de existência do LARP (2011-2015), com auxílio da FAPESP (2011/51184-9), conduziram à criação do projeto Formas de Contato: produção, poder e simbolismo no mundo romano, de modo a alavancar outros eixos temáticos que possibilitem novos debates entre os membros e trazer novas propostas de aplicação no campo da extensão ao público estudantil e universitário. O projeto geral está centrado nos processos de interação inter-regionais com o propósito de formular questões de mudanças sócio-políticas e culturais na Península Itálica e províncias romanas. A pesquisa arqueológica pertinente insere-se na reconstrução de redes intersociais complexas, com destaque para a natureza dessas conexões, por quem são mediadas, e qual o significado político, econômico e ideológico dos bens e ideias a elas associadas. Dessa forma, no quadro das reflexões sob a égide do espaço e de contatos em suas múltiplas naturezas, produção, poder e simbolismo no mundo romano são analisados em consonância com os subtemas que compõem os principais objetos das pesquisas dos membros do LARP, como Arquitetura e Urbanismo, Paisagem e Território, Religião e Consumo. Ao mesmo tempo, os produtos das investigações deverão alimentar os projetos piloto educativos decorrentes do projeto geral. São eles: Herculano, Mapa Interativo do Império Romano, Glossário Romano Interativo Arquitetônico (GLO.R.I.A), Glossário de Termos Religiosos (SACRUM), Glossário de Termos Artefatuais (TERMINUS), Instalação Interativa “Roma: Caminhos no Passado” e Vídeos educativos.
2011 – 2015
O Laboratório de Arqueologia Romana Provincial-LARP é um dos laboratórios temáticos do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, criado em 2011, com auxílio da FAPESP (Processo 2011-51184-9), a partir de uma experiência de pesquisa de um Grupo de Trabalho do CNPq “Formas de contato e processos de transformação no Mediterrâneo Antigo: Roma e suas províncias”, liderado pela Profa. Dra. Maria Isabel D’Agostino Fleming. O GT-CNPq acumulou um elenco de questões sobre a atuação romana nas províncias que levaram à proposta de ampliação e diversificação do espaço científico-acadêmico que ocupava, de forma a ter os necessários níveis de expressão compatíveis com um museu universitário, na área de pesquisa, docência e extensão universitária.
Os estudos até então realizados sobre as províncias romanas – Gália, Hispânia, Palestina, Britânia, Egito, África do Norte – geraram novas questões que envolvem a atuação de Roma na área provincial. A criação do LARP possibilitou de forma mais consistente e estruturada o desenvolvimento e aprofundamento das discussões que norteiam as pesquisas de seus membros e cujos resultados têm sido divulgados através de simpósios, congressos, publicações, internet, banco de dados etc. As pesquisas se pautam pelos debates em torno dos temas vinculados ao imperialismo romano; exército; romanização; alteridade/identidade; identidade e discurso; religião e política; urbanismo/urbanização; transformação dos espaços públicos; monumentalidade; iconografia; espaço doméstico; tecnologia, produção e consumo; território e paisagem.
O LARP inclui na sua metodologia o emprego de um Sistema de Informações Geográficas-SIG aplicado à Arqueologia, que permite a análise, dentre outros tópicos, da distribuição de vestígios arqueológicos na paisagem terrestre. Visa-se, assim, tornar funcional um banco de dados a fim de elaborar mapas temáticos de acordo com as pesquisas desenvolvidas por seus membros. Destacam-se também as pesquisas arqueométricas que consistem no exame e interpretação de matérias-primas utilizadas na manufatura de artefatos a fim de responder a tecnologias utilizadas no passado aplicadas à fabricação de objetos cerâmicos, de metal, vidros e de origem orgânica, com a utilização de várias técnicas, destacando-se o uso de lâminas cerâmicas delgadas e métodos físico-químicos tendo em vista determinação de proveniência das matérias primas e obtenção de parâmetros para preservação e conservação do patrimônio cultural.
O LARP, no seu primeiro ciclo de atividades, graças ao apoio da FAPESP, teve o êxito de desenvolver sua programação de pesquisa e extensão, num alcance significativamente maior do que o previsto no seu projeto original. Com efeito, foi possível aprofundar as pesquisas na área de arqueologia romana, norte das demais atividades, e, ao mesmo tempo, criar canais de contato com pesquisadores e alunos, com a aplicação de meios específicos, de forma a divulgar, através de website próprio, o material produzido pelo Laboratório. Incluem-se neste item os resultados das pesquisas em forma de textos; pesquisas na área de Sistema de Informação Geográfica (SIG), como banco de imagens referentes a sítios e vestígios arqueológicos das regiões geográficas analisadas; e projetos diretamente voltados para a esfera educativa, com a criação de recursos na internet.
1.1. A pesquisa acadêmica, seu desenvolvimento e interação com o meio científico
São membros do LARP docentes da USP, UFPE e UFRN, pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos e alunos de iniciação científica do MAE-USP; a partir da convergência das pesquisas foram organizados os recortes temáticos que evidenciam a interlocução do grupo, decorrente das relações estabelecidas no Laboratório. O resultado é a produção e publicação de um livro editado pela Editora Annablume e co-editado pela FAPESP (Perspectivas da Arqueologia Provincial Romana no Brasil: Pesquisas do LARP).
Ainda no contexto da investigação acadêmica, o LARP estabeleceu parcerias importantes com outros grupos de pesquisa: integrou-se a projeto voltado para o desenvolvimento da Ciberarqueologia no Brasil, numa parceria do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas – Poli-USP, LARP-USP e a Duke University, com financiamento da FAPESP (Processo 2014/08293-0)[ Profs. Drs. Marcelo Knörich Zuffo; Roseli de Deus Lopes; Marcio Calixto Cabral (Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas – Poli-USP); Maria Isabel D’Agostino Fleming, Astolfo Gomes de Mello Araujo, doutorando Alex da Silva Martire (LARP-MAE-USP); Maurizio Forte (Cyberarchaeology Research Group Dig@Lab Duke Classical Studies); Regis Kopper (Duke immersive Virtual Environment Pratt School of Engineering – Duke University)], na modalidade Research Program on eScience: Cyberarchaeology Excavation: Interactive and Collaborative Immersive Visual Analytics & Editing From Massive Distributed 3D Point Cloud Databases.
No âmbito da produção científica do LARP e debates com especialistas, foram realizados o I Simpósio do LARP – Representações da Romanização no Mundo Provincial Romano [http://www.larp.mae.usp.br/anais-do-i-simposio-do-larp/] e o Workshop Ciberarqueologia: uso de tecnologias para a reconstrução-simulação interativa arqueológica, com a participação da Duke University. O I Simpósio do LARP reuniu na Universidade de São Paulo, de forma inédita, pesquisadores dedicados aos estudos do Império Romano das principais universidades brasileiras e da própria USP: LEIR-MA/USP; UNICAMP; UFRJ; UERJ; UFES; UFPE; UFPR; UFOP e UFRN, além de pesquisadores da Universidade de Lisboa, Universidade do Minho, Portugal e da Duke University. Outras iniciativas traduziram-se em convites a especialistas de outros países que ministraram cursos, um dos quais, do Prof. Dr. Patrick Le Roux, da Université de Sorbonne Paris XIII, teve como desdobramento uma significativa publicação bilíngue francês-português – Os territórios romanos de Portugal no Alto Império, na Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia – Suplemento 19, 2014. O mais recente convite, em 2015, foi ao Prof. Dr. Rolf Winkes, da Brown University, que tratou do tema Arqueologia, História e Arquitetura de Portugal e Espanha.
Além das cooperações científicas e cursos promovidos, o LARP também se apresentou à comunidade internacional, com sua participação no Congresso Non-destructive and microanalytical techniques in art and cultural Heritage, Berlim (2011); na Theoretical Roman Archaeology Conference-TRAC, Frankfurt (2012), no XVIII Congresso da Associação Internacional de Arqueologia Clássica-AIAC, Mérida, Espanha (2013); no World Archaeological Congress-WAC, Jordânia (2013), no Congresso Augustus appellatus sum: tradição, ruptura e memória, Lisboa (2014) e no Congresso Internacional de História da Antiguidade Clássica, Coimbra (2015), assim como organizou mesas temáticas (em 2011 e 2013) nos congressos da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos-SBEC e da Sociedade de Arqueologia Brasileira-SAB. Além dos eventos acima, os membros do LARP participaram de outras inúmeras reuniões científicas e seminários nacionais, como: XXVI Simpósio Nacional de História da ANPUH – “Festivais, Rituais e Comemorações na Antiguidade”, Natal (2011); IV Encontro do Laboratório de Estudos do Império Romano. LEIR-MA/USP (2011); XII Jornada de História Antiga “Economia e Sociedade no Mundo Antigo” UFPel / UNIPAMPA, Pelotas, RS (2011); I Seminário de História e Arqueologia do Mundo Antigo, Natal (2011); XXI Encontro Estadual de História – Trabalho, Cultura e Memória, ANPUH, Campinas (2012); Ciclo Nacional de Palestras “Arte e Arqueologia Romana” (MASP-2012); I Encontro de Estudos Clássicos UFBA – Bahia (2012); X Semana de Estudos Clássicos da FEUSP, São Paulo (2012); IV Encontro do Laboratório de Estudos do Império Romano – Mediterrâneo Antigo (LEIR-MA/USP- 2012); Colóquio Internacional “O Império Romano e suas províncias: a integração e seus limites”, São Paulo (2012); V Encontro Estadual de História – ANPUH – RN: conhecimento histórico e diálogo social, Caicó, RN (2012); V Colóquio História e Espaços – Programa de Pós-graduação em História/UFRN, Natal (2012); V Simpósio Nacional e IV Internacional de Estudos Celtas e Germânicos. Paisagem e Natureza: Cotidiano, Imaginário e Memória, Niterói (2012); III Semana de Arqueologia André Penin, São Paulo (2013); XV Jornada de História Antiga Edição Especial LECA-POIEMA UFPEL, Pelotas, RS (2014); VIII Encontro Nacional do Grupo de Trabalho de História Antiga da ANPUH, UFRN, Natal – RN (2014); e na II Semana de Arqueologia, NEPAM-LAP-UNICAMP, São Paulo (2015).
Outro ponto que merece destaque é a aplicação de novas metodologias de pesquisa acadêmica para os estudos de cultura material realizados em Arqueologia Romana no Brasil, como a Petrografia Cerâmica. Este método arqueométrico trata da análise das rochas e minerais que compõem os artefatos cerâmicos, manipulados pelas sociedades pretéritas no tempo e no espaço, com vistas à caracterização, datação e proveniência dos materiais. O LARP atualmente conta com um acervo de 118 Lâminas delgadas de artefatos cerâmicos de 19 sítios arqueológicos do Levante (Israel, Síria e Turquia). Essas são registros das peças escavadas nestes sítios, com informações sobre seus contextos de achado e suas composições e também servem como material referencial e comparativo para os futuros estudos em Petrografia Cerâmica. A ideia de ampliar o acervo de Lâminas delgadas do LARP certamente contribuirá para o maior entendimento da manipulação, relações de produção, consumo, cadeia operatória, comércio e agência dos artefatos nas províncias; além de ressaltar um aspecto metodológico inovador para as pesquisas arqueológicas realizadas no Brasil, tanto para os segmentos da Arqueologia Clássica quanto da chamada Arqueologia Brasileira. Incluem-se neste contexto os estudos arqueométricos de artefatos cerâmicos do acervo mediterrânico do MAE-USP, desenvolvido por membro do LARP em nível de pós-doutorado.
1.2. Atividades educacionais
O êxito da programação de extensão do LARP revelou-se nos resultados das ações educacionais, ou pesquisas de cunho educativo, desenvolvidas de forma inédita no âmbito nacional. São projetos inovadores e que tiveram ampla divulgação junto à comunidade – Web Sig; Roma 360; Domus Romana; Domus Redux e Domus com Realidade Aumentada (estes dois últimos projetos são versões de aplicativos mobile – acessados por smartphones e tablets – e são os primeiros projetos ciberarqueológicos brasileiros a ganharem versões para a plataforma Android, reforçando o caráter pioneiro e difusor de conhecimento que está no cerne do LARP. Todos os projetos também foram apresentados em encontros científicos internacionais e nacionais, alguns deles especificamente relacionados ao desenvolvimento tecnológico estendido à educação, realizados no Brasil e no exterior, como: XVIII Congreso Internacinal de Arqueología Clásica–CIAC: Centro y periferia en el Mundo Clásico / Centre and periphery in the ancient world, Mérida, Espanha (2013); I Simpósio do LARP: Representações da romanização no mundo provincial romano, São Paulo (2013); III Semana Internacional de Arqueologia “André Penin”, São Paulo (2013); XVI Symposium on Virtual and Augmented Reality, Salvador-BA (2014); XVII Symposium on Virtual and Augmented Reality, São Paulo (2015); Congresso Internacional de História da Antiguidade Clássica. Diálogos interdisciplinares, Coimbra, Portugal (2015); Palestra: “Pompéia e Herculano: parâmetros da arquitetura doméstica romana”, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo-IFSP (2015). Destaca-se também nesse contexto educacional a atuação do LARP com características de cooperação e integração com especialistas da Seção Técnica de Educação Para o Patrimônio do MAE-USP, além de outras atividades desenvolvidas junto a Escolas de Ensino Básico e Ensino Médio e IES.